
A chamada “cultura do cancelamento” tardou mas chegou ao universo do HEAVY METAL.
Atingindo diversas bandas, muitas vezes impulsionada por grupos que se dizem defensores da liberdade de expressão, mas que parecem aplicá-la de forma seletiva. É crucial analisar estes casos para entender como a politização pode afetar negativamente a cena underground, que historicamente tem sido apartidária e crítica ao sistema.
Alguns casos de Cancelamento
Pantera: Em 2016, o vocalista Phil Anselmo foi filmado a fazer uma saudação Naºº e a gritar “white power” durante um concerto. Embora se tenha desculpado posteriormente, o incidente resultou no cancelamento de apresentações da banda em festivais como Rock am Ring e Rock im Park na Alemanha em 2023.
Lembro-me que por cá se tentou fazer o mesmo mas felizmente sem sucesso. Acredito que Phil Anselmo é uma pessoa merdosa, mas a musica dos Pantera não tem qualquer conotação Racial ou Partidária e marcaram sem duvida uma geração de Metaleiros com álbuns como Cowboys from Hell e Vulgar Display of Power.
Mayhem: A banda norueguesa de black metal enfrentou cancelamentos de concertos no Brasil devido a acusações de ligações com o neonazismo. Em resposta, declarou ser uma entidade “não política” que não apoia o racismo, a homofobia ou qualquer outro crime de ódio.
Orphaned Land: A banda Israelita de Progressivo/Oriental Metal enfrentou tentativas de boicote por parte de organizações pró-Palestina, que pediram o cancelamento dos concertos na Europa, mas fizeram-se ouvir, principalmente em Barcelona, acusando-os de não reconhecerem as violações de direitos humanos na Palestina. O vocalista Kobi Farhi respondeu enfatizando a mensagem de paz e união promovida pela banda. E que eu constatei por dentro, quando trabalhei com eles na tour Europeia do “All is One” onde a banda Palestiniana Khalas foi Special Guest em toda a tour, com mais de 30 concertos pela Europa, a dormir, confraternizar e comer, no mesmo autocarro que os Israelitas.
Acherontas: mais recentemente no “Tondela Rocks” 2025 e segundo a “Rocha Produções” entidade dinamizadora da cultura heavy metal no centro do País há mais de 30 anos, existiu uma banda em especifico a fazer pressão para que a banda Grega não tocasse, por alegadamente alguns dos membros terem ligações a grupos de extrema direita.
A Hipocrisia do Cancelamento e a Desconexão com a Cena Underground
O que se percebe em grande parte destes cancelamentos é que a maioria das pessoas que os promovem não são parte ativa da cena metal underground. São indivíduos que se dizem amantes da música, mas que raramente vão a concertos, ou conseguem dar-nos opiniões sobre bandas ou músicas a ouvir, a não ser os das bandas de amigos. Façam o exercício, quando derem de caras com esses fulanos vão ver do que falo, São pessoas tristes, vazias por dentro, enfadonhas, muitas delas criadas como Príncipes e Princesas nos melhores colégios, sempre com empregados em casa, à custa dos trabalhadores, do Povo, e de utopias e sonhos que nos vendem mas que morrem logo após lhes sair da boca, o tão nosso conhecido, “façam o que vos digo, não façam o que eu faço” Essa gente não entende a verdadeira essência do Heavy Metal, um estilo que sempre se destacou por ser contra qualquer forma de imposição e controle.
Curiosamente, muitos desses “justiceiros do teclado” vêm de grupos que afirmam defender a liberdade de expressão, mas apenas quando essa liberdade serve os seus próprios interesses. Querem-nos ditar o que se pode ouvir, que bandas podem tocar, e que artistas merecem ou não ter espaço na Imprensa escrita, Rádios e Tv.
Isso não é liberdade, é censura mascarada de ativismo.
Metal pelo Metal – Sem Politização
Desde os anos 70, o metal tem sido um refúgio para aqueles que não se revêm no sistema, uma forma de desafiar normas sem a necessidade de se alinhar a uma ideologia política. A maioria das bandas de metal não tem letras políticas, muito menos promove discursos de ódio. O género sempre ridicularizou o sistema como um todo, seja ele de esquerda ou de direita.
O metal deve continuar a ser sobre música, atitude e resistência, sem interferências externas.
Ninguém questiona se Beethoven era de direita ou esquerda. Ninguém se preocupa se Camões ou Fernando Pessoa tinham inclinações políticas. A arte deve ser apreciada pelo que é: uma manifestação criativa que transcende qualquer rótulo.
Como diz Kobi Farhi dos Orphaned Land:
“Não importa se somos de esquerda, direita, do Benfica ou do Sporting, estamos todos do mesmo lado, gostamos todos das sonoridades mais pesadas! E é isso que importa e nos une!!”
Demoraram um pouco mais, do que se viu na cultura Pop, mas estão finalmente aí! A estupidificação aka “Idiocracy” também galopa lado a lado, existe uma tentativa de uniformização por parte de uma ordem Globalista, que quer ditar até mesmo os espaços onde sempre fomos livres, as salas de espetáculos.
Talvez seja interessante explorar essa questão num próximo artigo, aprofundando o impacto dessa tentativa de controle sobre a cultura no geral mas que mais cedo do que tarde tomará também de assalto o meio #underground.
Uma coisa é certa: o Metal deve permanecer Livre de Censura e interferências externas. Metal pelo Metal, SEMPRE!
Bruno da Costa aka Likes de um Metaleiro
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