O peso Real está é em Continuar!
(Bruno da Costa aka Likes de um Metaleiro) 13/04/2025
Todos temos lutas. Todos temos dias maus. Uns enfrentam-nos de frente, outros preferem deitar-se à sombra da vitimização, a chorar-se nas redes sociais. Há quem confunda atenção com apoio, e likes com empatia real.
Mas a Vida não espera por ninguém. Não é justa nem gentil, e ainda assim, há quem escolha lutar todos os dias, sem precisar de vestir a capa do coitadinho! Como cantam os Killswitch Engage em Strength of the Mind:
“The strength of the mind to fight what’s inside.”
É disso que se trata. Ter força para enfrentar o que nos consome por dentro, não desistir, não se deixar afundar no papel de vítima. Porque o verdadeiro peso… está em continuar!
A tristeza de ver quem desiste
Conheço pessoas que se agarraram à vitimização com unhas e dentes. Amigos, conhecidos e familiares. Que fazem da dor uma bandeira, mas que não fazem absolutamente nada por si. Nada fizeram, e tudo indica que nada farão!
Vivem uma (Não)vida. E isto, confesso, entristece-me profundamente. Mais ainda quando sei que, como eu, podiam ter feito algo da Vida.
Porque por muito que se estenda a mão, é preciso que o outro aceite levantar-se. O problema é que muitos voltam a sentar-se – a dramatizar, a chorar nas redes. – Que o periquito morreu, que a vida é injusta, que todos o difamam, que tem esta e aquela doença… uns culpam os ricos, outros os pobres… os há que culpam os da Direita outros os da Esquerda… Tudo é o Problema. Menos eles.
E o que dói mais, é os ataques constantes a amigos que tentam acordá-los para a Vida. afastam-se, vivem de desculpas. Mal sabem eles o quanto nós, que também temos as nossas batalhas, continuamos cá — a fazer, a insistir, a lutar…
A minha história
Aos 6 meses, tive convulsões fortes que me deixaram com sequelas. Uma paralisia facial residual mas que está cá, e um problema de fala que só melhorou com muito esforço e com a ajuda preciosa da Fundação Gulbenkian, onde tive terapia da fala.
A minha mãe – mulher de guerra – não deixou que me tratassem como um caso perdido. Quando uma professora quis enviar-me para ensino especial, moveu mundos e fundos para provar que eu era como qualquer outra criança. Aliás, mais — já lia antes de entrar para a escola, graças aos livros que descobri nas casas dos meus avós: O Principezinho, O Meu Pé de Laranja Lima, e muita banda desenhada.
A única vez que tentei usar a minha deficiência como grande desculpa e obter vantagem, foi quando chumbei com três negativas. Hoje em dia teria passado! Mas nos anos 90 a exigência era outra. Então não é que me fui fazer de coitadinho ao diretor de turma, para ver se subia a nota pelo menos à disciplina dele, que era Desporto, vejam lá… Nesse ano estava mesmo completamente Out, apanhadinho de todo, visto que o desporto sempre fez parte da minha vida! E para se ter um dois a uma disciplina dessas é mesmo só explicado com desleixo e parvoíce. Bem, continuando, a minha mãe soube… e assim que me apanhou em casa, deu-me uns estalos (literais e metafóricos). Não sou apologista de castigos físicos, mas às vezes um “wake up call” faz falta! e aos miúdos de hoje em dia então… de que maneira! Foi o “Acorda para a Vida!” que ficou.
Não chegava ir aos concertos
Durante anos, fui moldado por circunstâncias difíceis: problemas de saude, mas também por escolhas. Escolhi levantar-me. Comecei por baixo, como limpa coletores na Câmara Municipal de Lisboa, e fui subindo a pulso — com esforço, dedicação e garra. Mostrando todas as minhas capacidades. Enquanto ganhava a vida honestamente nos coletores que apesar de ser um trabalho sujo e mal cheiroso, dentro da função publica, foi onde ganhei mais até aos dias de hoje. Quase lado a lado, fui construindo algo maior: a Promotora e agora Associação Cultural (g)Ritos Noturnos.
Foi ao trilhar esse caminho que comecei a trazer e a trabalhar com alguns dos maiores nomes do underground mundial — Orphaned Land, Swallow the Sun, Leaves’ Eyes ainda com a deslumbrante Liv Kristine, Rotting Christ, Carach Angren, Theatre des vampires, entre tantas bandas Portuguesas. Tudo feito com paixão, persistência e espírito de missão.
Não foi fácil — mas tenho a certeza que nunca é. Mas foi e é real e transformador.
O Heavy Metal esteve sempre lá. Não como um escape, mas como um espelho e uma arma. Ajudou-me a encontrar força onde pensava não ter nenhuma. Deu-me propósito, linguagem e tribo, e ensinou-me uma das maiores lições da vida:
O Metal ensina-nos a resistir
O Heavy Metal sempre foi sobre resiliência. Sobre enfrentar o mundo de frente. Bandas como os Killswitch Engage falam disso. E não estão sozinhos.
- Bruce Dickinson (Iron Maiden) enfrentou um cancro. Voltou com mais garra que nunca.
- Nergal (Behemoth) venceu uma leucemia e continuou a fazer discos demolidores.
- James Hetfield (Metallica) enfrentou dependências e batalhas internas, e regressou mais forte.
- Jonathan Davis (Korn) perdeu pessoas próximas, lutou com depressão e nunca desistiu.
Estes são os exemplos que devíamos seguir. Não os de quem decidiu partir, ou se esconder atrás das dores para nunca viver.
o Likes de um Metaleiro está de volta!
Desculpem este desabafo, a “não vida” deprime-me, mas a constante vitimização ainda me deixa pior…
Agora que o HEAVY METAL NACIONAL começa novamente a aquecer. Estou de volta para mais uma temporada! Com toda a força e garra que conhecem em mim. Acredito na partilha, na honestidade e no espírito de irmandade do Metal.
Se estás a ler isto, e precisas de um incentivo, de uma palavra, de uma chapada de realidade com empatia, escreve-me. Estamos juntos nisto!
Tens as minhas Redes sociais ou usa o geral@likesdeummetaleiro.pt — manda vir.
Somos irmãos de armas. Da ferrugem, do aço e arame farpado!
Lembra-te: quando alguém cai no mosh pit, há trinta a correr a levantá-lo. Mas esse, tem que querer ficar de pé.
A transformação começa e acaba em nós.
Carpe Diem e Metal On!
Bruno da Costa
Likes de um Metaleiro
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